Essa frase aí em cima sempre vem a minha cabeça, como um mantra. A história que aqui vou contar tá lá na página sete do livro Teatro Legislativo de Augusto Boal. Lá nosso mestre conta sobre a oficina de um Multiplicador de Teatro do Oprimido em um Hospital Psiquiátrico na Inglaterra. O professor ao iniciar uma nova oficina aos pacientes e equipe do Hospital, resolve começar batendo um papo sobre as origens do Teatro Grego. Começou falando sobre o Coro no teatro “Antes todo mundo cantava e dançava” na sequência falou sobre Téspis o primeiro ator “Com Tespis inventou-se o Monólogo (...) No Teatro ou em qualquer lugar, uma pessoa falando sozinha, monologa(...)” E continuou o professor, agora explicando Ésquilo “O primeiro Trágico Grego, inventou o Deuteragonista, o segundo ator. E com isso inventou o Diálogo.”
Juro que sinto de encerrar por aqui a história e com essa sensação de suspense estimular você a ler o livro. Mas vou prosseguir,porém leiam, vale muito a pena as outras coisas incríveis que Boal escreveu lá!
Bom, continuando, o professor pergunta a plateia “quando uma pessoa está falando sozinha está monologando, está fazendo um monologo. E o diálogo o que é?” após longo silêncio e um tanto mais de insistência e explicação do professor, eis que um paciente responde alegremente “Eu sei! Eu sei! (...) é quando duas pessoas falam sozinhas...”
Bom é isso! Desde que li a página sete de Teatro Legislativo, me atento ainda mais se estou monologando ou dialogando, ao longo de várias oficinas que ministrei fico sempre na pergunta “É monologo ou diálogo o que tá rolando aqui?” Porque estou ali como facilitadora da livre expressão dos participantes, preciso ser ponte e eles precisam também ser pontes uns dos outros. Então fico sempre num eterno orai e vigiai nos debates. Abrindo mesmo a percepção, a escuta! Fácil? Claro que não é desafiador msm. Mas essa é a proposta do Tear desde a primeira letra TROCA de Experiências Artísticas e Reinserção.
Então te convido a fazer esse exercício: DIALOGAR! Eu sei, eu sei, a gente sente como se dialogasse, mas o fato é que enquanto sociedade, se olharmos ao redor, estamos com problemas graves de falta de diálogo. E acredito que a única forma de mudarmos o que vemos e através da gente, então simbora refletir?! Como posso ouvir melhor e com mais presença outros pontos de vista? Como posso ouvir meu colega sem interromper ou Julgar? Como posso colocar minha opinião sem impor?
Essa para mim é a essência do Trabalho do T.O.
Com amor e sinceros votos de melhores diálogos para todos,
Luciana Amaral.
Patrocínio: FAC - Fundo de Apoio à Cultura do DF
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