Guimarães Rosa diz em o Grande Sertão Veredas que despedir dá febre.
A segunda parte do projeto TEAR – Ano II – já teve seu inicio com data certa para terminar. A gente já chega sabendo que um dia vai partir. A despedida faz parte do processo. Mesmo quando essa despedida é antecipada.
Dizer tchau para esses jovens que estiveram com a gente durante quase três meses de oficina, não foi fácil, mas foi necessário. Ouvir de cada um deles o quanto as aulas foram importantes e transformadoras em suas vidas é precioso. É sair dali com a sensação de que cumprimos nosso papel.
Augusto Boal criou o método teatral Teatro do Oprimido para que o acesso à prática teatral fosse democratizado, e que, por meio desta linguagem, a população pobre pudesse discutir as possibilidades de transformação social.
Ao longo desses três meses utilizamos as técnicas do teatro do Oprimido para discutir questões de injustiça, machismo, lgbtfobia, racismo e outras.
Uma oficina como essa é fundamental dentro de uma Unidade de Internação e tem importância central para a construção de um sistema mais justo e igualitário, pois dá voz à esses meninos e permite que discussões não aparentemente visíveis ali sejam debatidas.
Despedir dá febre, mas traz esperança. Despedir-se desses meninos é lançá-los para o mundo, marcados pela arte, e pela espera de um mundo melhor.
Por Roberta Rangel
Comments